sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

CONTINUAÇÃO!

Capitulo Oito

O céu escurecia, era a hora do crepúsculo e pequenos pontos brancos iluminavam o céu azul escuro, há uns 50 metros havia uma fogueira e vultos negros ao seu redor. eu estava com frio e medo, meu corpo tremia, levantei-me do chão com as costas doloridas e caminhei em direção à cidade.
Ouvi uma voz chamar em italiano, mas ignorei, um dos homens vinha em minha direção e eu apressei o passo e logo cheguei aos limites da cidade, olhei para trás mas não havia ninguém, eu ainda conseguia distinguir o ponto brilhante que era a fogueira.
As ruas estavam iluminadas pelos fracos lampiões, e estavam vazias. a noite ficava cada vez mais negra lá no alto e eu percebi que estava perdida, entrara pela rua errada depois de sair do campo, e estava na zona rica da cidade, as casas eram maiores e mais modernas, pintadas de tons de branco e azul com violetas e tulipas nas janelas amplas de vidro.
- Olá? - falou uma voz em italiano.
virei-me e tentei distinguir a figura levemente mais alta que eu que estava parada em um canto escuro da rua, ela se aproximou do lampião e eu olhei aquele me encarar suavemente.
CONTINUAÇÃO:
Parecia ser um pouco mais velho que eu, tinha cabelos castanhos e um lindo rosto.
- Katherina? é você? - falou em italiano novamente
- Não... sou Angelline - respondi em um tosco italiano.
- Ah! Desculpe - respondeu em inglês ao ver que eu não falava italiano muito bem.
Suspirei de alivio ao ver que ele falava em inglês, ele se aproximou e eu pude ver seus olhos castanhos, era de dar pena como eles estavam tristes.
- Ah... quem está procurando? - perguntei
- Minha irmã, se a vir... - ele pareceu pensar um pouco - bom, não estou te desejando má sorte, não estou desejando que a veja... quero dizer... - Ele suspirou - Vamos começar de novo - sorriu, mas seus olhos continuavam tristes - Sou
Aoron Graan, e você é...?
- Angelline. - falei preocupada com a noite cada vez mas escura.
- E o que fazes em Condessa di Spoletto?
- Onde? - perguntei perdida
- É a rua onde você está agora
- Ah! bom, eu me perdi.
Ele sorriu
- Uma americana perdida em Volterra! Típico - pareceu pensar por um momento, decidindo se deveria ou não me ajudar - Eu... tenho que procurar minha irmã.
- Claro, claro... poderia me indicar como chegar na rua Stella di Matina?
- Stella di Matina? isso fica lonje...
Eu sorri meio sem jeito, se ele não me ajudasse o que eu faria?
- Siga-me - disse ele virando-se e caminhando em direção à outra rua, ele an
dava veloz e el
egantemente.
Caminhei tentando acompanhar seus passos, depois de quase 10 minutos de caminhada silenciosa ele parou em frente a um grande muro com um portão de grades de ferro, de cada lado do portão havia uma coluna negra e redonda, com quase 4 metros de altura toda sua extensão era cheia de símbolos estranhos.
No topo haviam dois anjos entalhados em mármore negro e brilhante.
Apesar de tudo ter uma aparência muito antiga havia uma campainha automática com um i
nterfone ao lado do portão.
Mas o mais impressionante não eram as colunas nem o portão, mas o que havia por trás dele, uma estrada de terra cercada por canteiros de rosas brancas iluminadas por archotes, lampiões antigos de ferro delicado e ao fundo uma eno
rme mansão ao estilo antigo.
- Essa não é minha casa - falei eu boquiaberta
Ele riu
- Eu sei - Deve ser por isso que nunca te vi aí.
Eu ainda não havia entendido.
Ele pareceu adivinhar, porque disse:
- É a minha casa.
Eu perdi o fôlego por um momento.
- Sua casa?
Ele revirou os olhos.
Depois olhou para mim preocupado, como se estivesse decidindo algo importante para minha so
brevivência.
- Acho melhor você não entrar - mas não era uma opinião, era uma ordem.
- Ah... e o que eu faço? - perguntei confusa
- Vou pegar o carro, espere ai.
- Claro - suspirei aliviada. ele certamente saberia onde ficava minha casa.
Ele comprimiu o botão do interfone com as sobrancelhas
unidas de preocupação.
Uma voz rouca perguntou quem era do outro lado da linha.
- Sou eu - falou
ele revirando os olhos.
- Encontrou sua irmã?
- Não, mas
vou pegar o carro.
- Você sabe que isso não vai impedi-la Aoron! Ela vai ouvir o barulho do carro a duas quadras de distância!
- Eu vou pegar o carro tio.
O homem bufou de raiva e o portão se abriu com um rangido.
- Espere - avisou
Eu assenti e olhei novamente para as colunas negras, quando olhei para o portão aberto Aoron já não estava a vista.
Sentei-me na calçada e fiquei pensando em meu sonho estranho.
Minha mãe diria que eu estava assistindo muita TV, apesar dela saber que era mais provavel que fosse fruto dos livros que eu lia.
Ouvi um ronco muito baixo de motor e vi os faróis se aproximando.
Quando o carro chegou no portão eu fiquei paralizada.
Era uma Ferrari Califórnia Spider negra como a noite.
Que mundo era aquele em que eu estava me metendo?
Garotas lindas e misteriosas, garotos lindos e ricos.
Eu estava sonhando?
Ao contrario do que muitas desejariam eu não queria que fosse real, porque se fosse um sonho, minha mãe ainda estaria viva.
A porta se abriu e eu entrei.
Nunca me esqueceria daquela sensação, era como dar o primeiro beijo, ou como andar de bicicleta a primeira vez, você nunca esquece.
Olhei para Aoron e ele abriu um sorriso selvagem mostrando os caninos afiados. isso me deu medo, mas ele era lindo e elegante como um príncipe montado em um cavalo branco, ou, em uma ferrari vermelha.
Ele acelerou pelas ruas enquanto eu sentia o vento em meu rosto.
- Gostou do meu bebe? - riu ele
- Um homem chamar o carro de bebe? Típico!
- Pois é - ele sorriu - somos duas pessoas típicas.
Ele acelerou enquanto eu ria.
então foi diminuindo a velocidade, e eu reconheci a rua vizinha da minha e logo estavamos na minha rua.
- Diga qual casa - falou ele enquanto eu me lamentava por ter sido uma viajem tão rápida.
Indiquei a minha humilde casa e ele parou.
- Não posso comparar minha casa à sua - falei
Ele não respondeu apenas olhou fixamente para a frente como se estivesse em transe.
- Aoron?
Ele continuou encarando o nada
Eu fiquei assustada
-Aoron?
Ele piscou e olhou para mim
- Ah... desculpe - falou
Olhei em seus olhos, estavam em uma fúria muda e repletos de preocupação.
- Aconteceu alguma coisa? - falei preocupada.
Que besteira! se tivesse acontecido como ele saberia?
- Não - falou ele sorrindo - não que eu deva saber.
- Ah... - fiquei em silêncio por um instante - Obrigada pela carona, obrigada mesmo.
- Não foi nada.
- Espero que encontre sua irmã - falei sorrindo
- Eu também espero - falou ele com raiva.
- Tem certeza que está bem?
- Claro.
Abri a porta e sai daquele corcel noturno.
- Obrigada - agradeci novamente
Ele assentiu e arrancou o carro, com uma velocidade incrível o carro fez uma curva e desapareceu na esquina.
Suspirei pensando se o veria novamente.
Entrei em casa sabendo que encontraria Dereck no mesmo estado de antes.
Mas ele não estava lá.
Estranhei ele também não estar no computador e fui até seu quarto.
Ele estava estirado na cama com a cabeça enterrada na almofada, primeiro pensei que estivesse dormindo mas então vi um álbum de fotos jogado no chão e um choro baixo.
- Dereck?
Ele virou e seus olhos estavam vermelhos.
Sentei-me ao lado dele.
- Que aconteceu?
- Me deixa em paz - falou ele voltando a enterrar a cabeça nos travesseiros.
Apanhei o álbum de fotos, a primeira era dele e minha pequenos correndo pelo gramado de nossa casa em NY, a segunda era da mamãe abraçando nós dois.
- Dereck...
Abracei ele e chorei também
Ficamos em silêncio por um tempo
- Você sente falta dela? - falou
- Mas do que você imagina
Suspirei
- Mas temos que continuar a vida não é? - falei
Ele assentiu
- Onde esteve? - perguntou indo até o banheiro para lavar o rosto.
- Por ai...
Ele olhou para mim desconfiado
- Não está namorando está?
- Não seja bobo Dereck! Este é meu primeiro dia na cidade.
- É... eu sei.
Ouvi o barulho do motor do carro do meu pai.

Capítulo Nove

-Olá - falou meu pai entrando
-Oi pai - respondemos em unissono
- Como foi a escola hoje Dereck? impressionou as garotas? - falou ele, e depois virando-se pra mim - Angelline querida, como você está? bateu a cabeça no PRIMEIRO dia! não podia esperar o segundo?
Meu irmão começou a rir
- Bateu a cabeça? é por isso que voltou tão tarde!
- Como assim voltou tarde? não me diga que acabou de voltar! Você sabe que não pode andar por ai a noite e...
- Voltei e encontrei o Dereck CHORANDO.
-CHORANDO? - ele se virou para encarar meu irmão - Por que?
- Por causa da mamãe. - falei tentando mudar de assunto. - Mas e ai pai, como foi o trabalho?
Ele deu um suspiro de cansaço
- São 22:00, estou cansado tenho que ir dormir, amanhã vocês tem aula tratem de descansar.
E bateu a porta do quarto
- Que ótimo! o papai deve estar se sentindo uma maravilha! A mulher dele morreu, a filha é uma retardada que bate a cabeça.
- E você chora o tempo todo como uma criança. - falei irritada
- Não choro o tempo todo! - reclamou revirando os olhos - Foi um momento de emoção, já passou e...
Bati a porta do quarto e o deixei falando sozinho, nada daquilo importava, nada fazia sentido! eu havia andando numa Ferrari maravilhosa no meio da noite com um garoto rico e lindo! eu havia conhecido três garotas que pareciam fadas ! Aquilo estava parecendo coisa de cinema, de conto de fadas moderno ou de um livro de romance e aventura.
Uma ferrari e um conversivel, no MESMO DIA!
Aquilo era maravilhoso...
Tirei os tênis e me joguei na cama adormecendo profundamente.
A manhã seguinte amarrei meus longos cabelos ruivos e me vesti rapidamente, não estava com fome então decidi ir andando já que tinha tempo.
- Vou andando pai, lembro o caminho e estou sem fome.
- Tem certeza? não é melhor comer algo? depois de ontem quero dizer...
- Está tudo bem pai, juro.
Sai para o dia lá fora. Havia uma chuva fina caindo e o céu estava cinzento, uma brisa fresca soprava pela rua de pedras.
- Tem mesmo certeza que deveria andar na chuva? - uma voz feminina perguntou atrás de mim, me virei
Fragola estava parada ali vestida de diversos tons de azul e cinza como o dia chuvoso.
- Olá, não havia visto você - disse sorrindo maravilhada com seus longos cabelos loiros e olhos majestosos.
- Só sou vista quando quero - lançou misteriosa - de qualquer forma não me veria através da parede daquela casa - falou apontando a casa de tijolos da esquina.
- Então é ali que você mora? - falei curiosa e impressionada por morar em uma casa tão humilde na mesma rua da minha.
- Ah não! Não moro em uma casa - falou ela - só não me veria pela parede pois estava na outra esquina.
Ergui as sobrancelhas, ela não morava em uma CASA? o que isso significava? bom, do jeito que era talvez morasse em uma mansão.
- Como assim não mora em uma casa? - falei estupefata
Ela me examinou, estudando meus olhos com curiosidade. Seus olhos brilhavam, eram maravilhosos e profundos, repuxados para cima como uma oriental mas não o suficiente pra isso, quase não se notava.
- Moro em um apartamento- corrigiu em seguida.
- Ah! - falei meio decepcionada com a simplicidade da coisa - Está indo pra escola? - perguntei já sabendo a resposta e me sentindo uma idiota.
- Não - falou docemente
A resposta me surpreendeu, ela não estava indo à escola? onde ia então? será que aquilo era sarcasmo?
- Hm... então, onde está indo? - perguntei com um sorriso bobo.
- Não vou a aula quando chove - falou olhando as nuvens cinzas que cobriam o sol
- Então porque está na rua? - o que era aquilo? e no inverno como ela faria?
- Ah... me refrescando sabe como é, um dia de descanso é saudavel.
Ergui as sobrancelhas confusa.
- Mas... e as suas irmãs? e quem era aquela de cabelos castanhos?
- Ah! minha irmã... as duas, mas seria melhor que não mencionasse nossa conversa... - falou meio distante - elas acham que costumo falar de mais - deu um sorrisinho e pulou uma poça de água. foi então que reparei em seus pés, estavam descalços.
- Por que está descalça? - perguntei mas alto do que pretendia. Tentei disfarçar o choque em minha voz, uma tentativa fracassada.
- Gosto de pisar na grama e na terra molhada. - falou saltando com agilidade e graça outra poça. - Ah... - falei meio chocada e atordoada por lhe parecer tão normal. Será que estava agindo como uma menininha mimada de NY?
- Deveria tentar um dia desses... - falou sorridente - De qualquer jeito tenho que ir andando...
Pulou uma outra poça e dobrou pela rua lateral. Dançando em meio aos chuviscos e poças de água.
Que garota estranha, pensei atordoada. Mas algo me dizia que mais cedo ou mais tarde eu estaria fazendo o que ela recomendara... era estranho, mas gostaria de tentar saltar nas poças de água com os pés descalços.
Continuei minha caminhada para a escola, ouvindo o chapinhar das minhas botas no chão molhado.

Capitulo 10
Cheguei na escola na hora certa, os carros começavam a parar no estacionamento e os alunos a entrar nas aulas.
Comecei a caminhar em meio a aglomeração de alunos com capas de chuva e entrei

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